A novidade anima tanto a indústria pós-crise econômica que a produtora de jogos eletrônicos Ubisoft chegou a prever que, em 2013, cada lar na Inglaterra terá o seu aparelho de TV 3D.
Exageros à parte, aqui no Brasil a tecnologia já não é exclusividade das telas de cinema. Fabricantes de TVs como a Sony e a Panasonic já anunciam seus lançamentos de aparelhos 3D. Mas, além do desembolso de cerca de R$ 12 mil pela aparelhagem completa, quais aspectos devem ser levados em conta para ter a tecnologia 3D no dia a dia do lar? Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a exposição à projeção 3D pode aumentar em até 10 vezes a fadiga visual comumente experimentada à frente ao computador.
Autor de três estudos sobre os efeitos do computador na visão, o especialista diz que os principais fatores que provocam a síndrome da visão no PC são o maior esforço para enxergar de perto, que prejudica o relaxamento da acomodação para visualizar imagens distantes e a redução no número de piscadas, o que resseca a lágrima.
Quanto à tecnologia 3D, as imagens geram um conflito entre a acomodação que responde pela focalização das imagens e a convergência, movimentos oculares que dão a percepção de profundidade. "Muitos pacientes relatam que após 10 minutos assistindo a um filme 3D já começaram a sentir desconforto visual e dor de cabeça, sintomas que só ocorrem depois de duas horas de trabalho no computador", diz oftalmologista.
Queiroz Neto explica que o desconforto acontece porque a visualização 3D nas telas é formada por duas imagens deslocadas horizontalmente que são captadas separadamente por cada olho, através das lentes polarizadas dos óculos 3D. Como todas as imagens estão no mesmo plano, ressalta, para termos visão de profundidade, nossos olhos são submetidos a um maior esforço de acomodação e de convergência que exigem um trabalho extra do cérebro. Este esforço causa a "3D fobia", que atinge inclusive pessoas com boa visão, por conta da dificuldade de focar com nitidez as imagens de fundo e as mais próximas que saltam das telas. O oftalmologista cita os principais sintomas de quem está suscetível ao problema: dor de cabeça, náusea, olho seco, irritação ocular e cansaço visual.
Queiroz Neto diz que o desconforto é temporário para a maioria das pessoas, mas é maior para metade da população brasileira que usa óculos de grau. Isso ocorre porque os óculos 3D colocados sobre as lentes corretivas podem alterar a distância e prejudicar o foco. "Por isso, o uso de lentes de contato é mais indicado, mas nem todas estão adaptadas para a nova tecnologia", ressalta.
Quando o desconforto é prolongado pode indicar estágio inicial do glaucoma ou ao estrabismo latente, também conhecido como foria, que provoca o desvio dos olhos em situações de grande esforço visual. Entre adultos, a catarata e alterações na retina são as principais doenças que impossibilitam a visualização de imagens em 3D.
Para evitar a 3D fobia
Concentre o foco da sua visão no ponto principal da imagem exibida em 3D
Faça pausas de 5 minutos de descanso visual a cada meia hora de exposição às imagens em três dimensões
Evite as poltronas mais próximas à tela do cinema
Posicione-se ao mesmo nível da tela da TV
Mantenha sua distância da TV numa medida equivalente a três vezes a altura da tela